quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Noturno (Antero de Quental)


Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...
Como um canto longínquo - triste e lento-
Que voga e sutilmente se insinua,
Sobre o meu coração que tumultua,
Tu vestes pouco a pouco o esquecimento...
A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando. entre visões, o eterno Bem.
E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Gênio da Noite, e mais ninguém!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sumi-e

A palavra sumiê ou sumi-e tem raiz japonesa significa “pintura com tinta” em português, e consiste numa técnica de pintura em preto-e-branco originada em mosteiros budistas da China durante a dinastia Sung (960-1274).
Levada pelos monges zen ao Japão a partir do século XIV. A arte sumi-e foi introduzida no Japão no sétimo século chinês, cujas datas remontam a cerca de 2000 a.C. Ao longo do tempo, essa arte se estabeleceu como também típica japonesa, com grandes contribuições feitas pelo monge Toba-sojo, que desenhou “Choju Giga”, no período Heyan (795-1185), e Sesshu, no período Muramaki (1333-1587), considerado o primeiro estilo puramente japonês de desenho sumi-e, ele tinha essencialmente temáticas religiosas que representavam elementos budistas, como o círculo, que indica o vazio interior, ou da natureza, como as rochas e a água. Sumi-e, também chamado “suiboku-ga”, refere-se à pintura japonesa de tinta monocromática.
Para o artista, o mais importante é retratar a essência do elemento a ser pintado, e não a mera reprodução de sua aparência exterior. Adotando esses princípios, o sumiê exerce uma dicotomia interessante. Preto-e-branco, concreto e abstrato, água e terra, controle e espontaneidade são manifestações presentes nessa arte, que, a partir do século XV, passou a retratar também pássaros, flores e paisagens. Alguns dos artistas mais importantes do sumiê são datados desse período, destacando-se Sesshu, o primeiro a criar uma linguagem peculiarmente japonesa para o estilo.
Os materiais usados nesse estilo de pintura são o: pincéis, tinta da China e papel de arroz, geralmente; uma mesa baixa ou o próprio chão servem de apoio.
É necessário muito treino, grande destreza e concentração para se tornar um artista de sumi-e, capacidade reservada somente a alguns. O desenho/escrita é criado com base numa compreensão profunda do tema representado e num sentir intenso. Praticamente tudo se pode representar, desde animais a figuras humanas, embora os temas tradicionais se quedem pelo reino vegetal: crisântemos, íris, orquídeas, cerejeiras sakura, videiras, pinheiros surgem de modo recorrente.
O pincel, erguido perpendicularmente ao papel de arroz, o washi, formando um ângulo de 90 graus com a mão do artista, que desliza pinceladas precisas e definitivas. A concentração é extrema. Os dedos permanecem quase imóveis, enquanto o braço se movimenta sem se apoiar na mesa de trabalho. Imagens belíssimas tomam forma através da habilidade do artista de capturar as formas da natureza e relatar no papel. Isso torna o sumi-e não só uma forma de arte, mas também uma forma de filosofia.
Eu postei sobre o sumi-e por que acho simplesmente fascinante e maravilhoso o fato de criar varias paisagens e animais apenas utilizando um pincel e tina preta, alem exigir autodisciplina, concentração e pela beleza é claro. Recomendo que pesquisem mais sobre o sumi-e e se puder pratique essa arte, alem de ser relaxante e bela também.
Abaixo para seu deleite eu coloquei exemplos de algumas pinturas desse estilo.